Direito a revolução.
Verão, água fresca, céu azul. Você anda curtindo o vento na cara? O sol na cabeça? Os relês com a galera? Conhecendo lugares diferentes e trocando idéias com gente que não conhecia? Ouvindo música? Jogando bola? Beijando na boca? Nas baladas? Calma, isso não é um teste de figurantes para propaganda de cerveja. Pode parecer tiração de sarro, mas ouvir as respostas a essas perguntas é um jeito de descobrir se você está ou não exercendo os seus direitos. Direito a ser feliz, a ter acesso a saúde, ao lazer, á cultura, a tudo o que precisa para viver de uma maneira tesuda. Tesão não é apenas um lance sexual. Um dos tesóes da adolescência é saber que você tem direitos e os mais divertidos são os que garantem a liberdade, o respeito e a dignidade. Está tudo no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que, sim, é um conjunto de leis escritas de um modo não simples, e que pode ser apenas mais uma coisa chata, sem graça e de difícil acesso, mas só se você não entrar na onda de não contribuir para que elas “saiam do papel”.
Para apimentar as reflexões sobre protagonismo juvenil como um caminho para transformar o ECA em realidade, vale lembrar Henry David Thoreau, filósofo, professor e escritor estadunidense do séc.XVII. Ele acreditava na necessidade de resolver alguns problemas não só na teoria, mas também na prática e, por isso, defendia o direito à revolução, ou seja, “o direito de não se conformar e de oferecer resistência”. Aconteceu que resistir não é mais suficiente. O desafio que se apresenta é o de superamos um modelo de desenvolvimento baseado na grana, no consumo, nos mecanismos de alienação em massa, mudar os cenários que aprisionam ao invés de impulsionar nosso potencial de desenvolvimento.
Hoje em dia as formas não violentas de protesto exigem articulação, criatividade, movimento. O Estado ainda faz parte da configuração atual do mundo, e é possível utilizá-lo a favor de nossos interesses, assumindo nossos papéis como cidadãoes portadores de direitos, que incluem: ir e vir, ter e expressar opinião, ter liberdade de crença, autonomia, valores, idéias, participação na vida comunitária e política.O discurso do filósofo, apesar de ser considerado radical, é cheio de proposições de rupturas na estrutura social vigente a partir da mudança de postura individual. Entre suas obras, destacam-se: Desobediência Civil, Waldem e A vida nos bosques. Vale aa pena conferir. Uma pulga saltou de trás da orelha de Thoreau, atravessou quatro séculos, e agora está brincando de telefone sem fio, dizendo:”se cada um de nós expressar o tipo de mundo capaz de ganhar o nosso respeito, estaremos mais próximos de construí-lo”.
Revista Viração.